Heyyy!
Decidi
hoje escrever um post sobre algo diferente do que faço habitualmente, mas que,
na minha opinião, é muito importante: vou ser transparente e vou escrever sobre
mim e tudo o que eu acho que devo falar. Vai sair daqui um textão gigante e
provavelmente não vão ter paciência para o ler, mas acho que será importante.
Eu
sinto que, atualmente, as pessoas ficam agarradas às redes sociais à procura da
perfeição e de como conseguir atingi-la. E quem já viu o meu Instagram e/ou o
meu blogue possivelmente já deve ter pensado que sou uma pessoa cheia de
confiança e dona de si própria. Até posso ser dona de mim própria (quem mais
seria?), mas não sou de todo a pessoa com mais confiança.
Sempre
fui uma criança bastante tÃmida e quieta, mas nem por isso deixei de ser feliz.
No entanto, a entrada para a adolescência não é fácil para ninguém e não foi
exceção para mim. Até aà eu não tinha a noção do meu corpo, o que também é
normal porque era nova. Mas a verdade é que os adolescentes conseguem ser muito
maus e não medem as palavras (se bem que também há adultos assim, mas pronto).
Confesso que foi uma altura de muito sofrimento porque eu era muito magrinha e também
não era muito bonita e os meus colegas começaram a gozar comigo por isso. À
conta disso, eu comecei a pensar em estratégias que fizessem remediar a
situação. Eu queria que parassem porque era realmente muito mau. Fizeram com
que eu sentisse vergonha do meu corpo e diziam que eu devia comer mais, apesar
da comida que eu comia não ser nenhum problema, eu até que comia bem. Cheguei
ao ponto de começar a usar leggings debaixo da roupa para parecer mais
gordinha. Digamos que foi um ato de desespero. Claro que muita gente reparou no
meu método e mais claro ainda que me atiraram à cara o quão ridÃculo o que eu
estava a fazer era (maioritariamente num tom maldoso). Isso tudo influenciou a
minha personalidade e a forma de eu ser. Já era tÃmida e mais tÃmida fiquei.
Saias? Estava fora de questão usá-las. As pernas era a parte do corpo de que eu
menos gostava e não queria de maneira nenhuma expô-las.
Entretanto,
um dia, estávamos a comemorar o Halloween na escola e eu, para variar, fui
maquilhada. Para espanto meu, recebi elogios, coisa que nunca tinha acontecido
até então. Eu vi a cara de espanto de algumas pessoas. Fiquei muito feliz. Foi
aà que então comecei a usar maquilhagem e usava todos os dias, mesmo que
dissessem que eu era muito novinha e ter ouvido constantemente a minha mãe
dizer que só estava a estragar a minha pele. Eu estava sedenta pela aprovação
dos outros.
Com
o tempo, comecei a perceber que usar leggings afinal não resultava de todo e
parei de fazer aquilo. “Mudei” ainda mais a minha maneira de ser quando entrei
no secundário. Bem, na verdade não mudei mesmo, pelo menos no inÃcio, apenas
fingi que tinha mais confiança e comecei a falar com colegas de escola que não
conhecia de lado nenhum. A verdade é que fingi tanto que acho que a confiança
acabou por se entranhar mesmo em mim. Não que me tenha tornado na rapariga mais
confiante do mundo, mas a verdade é que comecei a aceitar melhor o meu corpo e
a gostar mais dele. Quanto à maquilhagem, é sabido que não deixei de a usar,
pelo contrário, que ainda a uso. Ganhei uma grande paixão por ela e comecei a
usá-la porque gostava dela, não pelos outros.
Atualmente
sinto-me bem comigo própria. É evidente que eu também tenho dias em que não me
sinto tão bem e a autoestima está mais baixa. Há dias
em que simplesmente estou mais triste com tudo e claro que influencia na forma como
me vejo… É verdade, isso acontece, apesar de já não ser frequente, mas é
normal. Eu não sou perfeita, ninguém é perfeito.
Com
tudo isto, não quero que pensem que me estou a lamentar pelo o que já aconteceu
no passado. Já passou. Mas é importante aqui que se perceba que até podemos ver
e seguir alguma pessoa nas redes sociais por “ser” perfeita (o namorado
perfeito, o corpo perfeito, o rabo perfeito, o cabelo perfeito, as roupas
perfeitas, os filtros on point, etc, etc, etc), mas se calhar não é bem assim.
Primeiro, a pessoa pode ser uma coisa em fotos e depois, na realidade, não é
nada assim. Depois, ninguém tira uma foto “perfeita” logo à primeira, é preciso
algum tempo, acreditem. E mais, provavelmente essa pessoa já passou por coisas
na vida, se calhar sofre e não sabemos. As pessoas mostram apenas o que querem
mostrar, não a realidade por completo. Eu digo isto porque sei da existência de
pessoas que, por exemplo, aumentaram os lábios para se parecerem com a Kylie
Jenner. Se calhar, daqui a uns anos, a moda será ter lábios finos. Muitas
pessoas (atenção, não estou a dizer que são todas assim) que vão para o ginásio
tirar fotos e fazer stories provavelmente não estão bem consigo mesmas.
Provavelmente partilham porque querem atenção e aprovação por parte dos outros.
Não
estou a dizer que as pessoas que se sentem mal com o seu corpo não devam fazer
nada para mudar isso. Vão em frente, vão para o ginásio, mudem a alimentação,
pintem o cabelo, as unhas, usem maquilhagem, façam o que sentirem que devem
fazer para melhorar a autoestima, simplesmente devem fazer isso por si mesmas e
não porque veem na internet determinadas coisas. A internet partilha muita
coisa que não é real e as pessoas estão a criar esquemas mentais de aparência
cada vez mais distorcidos e tanto as mulheres como os homens estão a sofrer
bastante à conta disso.
E
pronto, era isto.
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